¿cómo se hace para vivir una vida llena de nada?

Desde os regalos asiáticos (este e este) que sentia saudades de um filme assim.
Numa sessão integrada na Feira do Livro de Peniche, que quis prestar homenagem ao escritor argentino Eduardo Sacheri, encontrámos, numa sala pequenina e muito fria, "O Segredo dos Seus Olhos", baseado na sua obra "La pregunta de sus ojos".

Premiado com o Óscar de "Melhor Filme Estrangeiro" na edição de 2009, recorda-nos tanto o suspense de Hitchcock, como o imaginário noir, cinema influenciado por uma nova corrente na literatura policial onde era concedido um novo papel ao detective que aparecia ainda formando uma dupla amorosa com uma maravilhosa femme fatale. Como neste período, também no filme o crime serve de alçapão a diversas peripécias e reflexões das personagens. Reflexões que, aqui, trazem à luz não só o clima político da Argentina dos anos 70, a corrupção e a justiça, como o sentido da amizade, do amor e da paixão, bem como do arrependimento e da vingança.

Benjamin Esposito, um agente judicial recém-reformado, interpretado brilhantemente por Ricardo Darín, sente viver uma vida perdida e decide finalmente dar o nó às pontas soltas do seu passado. Inicia a escrita de um romance que o faz regressar cerca de trinta anos atrás, a um caso criminal que ainda o perturba. À medida que mergulha nos contornos nebulosos desse assassinato, Esposito investiga igualmente o seu passado, sobretudo o amor que deixou escapar por Irene (Soledad Villamil). Se neste regresso encontra portas abertas que alterarão o seu futuro, toca em outras que se preferiram fechar e que lhe relembram que o passado é agora imutável: "Não pense mais, senão terá mil passados e nenhum futuro. Terá só lembranças." .

No final percebemos, o segredo encerrado em cada olhar é a paixão que cada homem esconde.

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