poesia

Ela gosta de flores e diz coisas estranhas, o que para a sua filha são condições daqueles que têm veia poética.

As flores acompanham a sua história. Num consultório em Seul observa as camélias dispostas no parapeito, são vermelhas, cor da dor, e quando a médica a informa que está com Alzheimer revela ainda que as camélias vermelhas são de plástico.

A poesia torna-se na sua Crista-de-galo, flor estival originária da Índia que possui a capacidade de protecção. Yun Jeong-hie refugia-se nessa “arte de ver” que a ampara da imoralidade que tem necessariamente que abraçar.

Nos momentos mais tensos ela, no seu refúgio, alheia-se contemplando flores, árvores, alperces, os pássaros e as colheitas. Yun Jeong-hie vive, através da contemplação, um mundo paralelo distante da dor.

Lembro-me de Lola onde outras duas avós lutavam dignamente pelos seus netos. Foram estes os melhores filmes que vi ultimamente no cinema e que se fossem flores teriam a cor amarela, cor da glória.

Poesia (2010), de Lee Chang-dong.

Aqui a crítica de Bruno Sousa Villar.

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