um, dois, três, encontro-te, um, dois, três


Se se permitirem serem tocadas, as bolhas, reagindo umas a outras, alteram o ADN, evoluem, tornam-se outra coisa que só faz sentido de ser num conjunto de individualidades, como numa valsa, mudando de par, sem nunca o movimento perder fluidez.
Uma dança de encontros e de desencontros.
Juntas, pela sua natureza, atraem-se, repelem-se, destroem-se, tentam-se reconstruir. Contudo permanecem unidas. Giram sobre si próprias.
A cada oscilação da água, uma bolha observa outras deixarem de ser, diluindo-se num líquido uniforme, também ele, transformado, enquanto mais bolhas como esta, se lhe juntam, quebrando em nome de um desígnio maior. Desmetaforizando: somos as bolhas, ao mesmo tempo conservando a nossa individualidade – mutável, frágil, abrindo-nos aos outros, como nós, numa eterna valsa de metamorfoses mútuas.

Cristina Ruivo e Bruno Sousa Villar

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