Conto pouco tempo para viver todas as histórias que idealizo e tantas outras inimagináveis que nem lhes reconheço forma. Torno-me ansiosa, quero abraçar muitas vivências e deixar poucas por contar. Será certamente um receio da mortalidade.
E assim, como uma voyeur, entrego-me à cumplicidade das vivências de outros na literatura, no cinema. Ambos lugares privilegiados, lugares umbilicais que permitem experiências tão pessoais como íntimas. Como companheiros de vida, caminho lado a lado com cada personagem, tento reconhecer cada uma das suas emoções, dos seus desafios. Segredam-me na tela ou no papel, em tom de confissão, a essência daquelas vidas. Assemelham-se a filmes documentais.
Com estes meus companheiros testemunho experiências que jamais poderiam tornar-se minhas. Sinto cheiros, cores, texturas. Conheço amores, paixões e lutas. Percorro ruas, vislumbro cidades.
Hoje acabei de ler um livro fabuloso onde conheci a história de um amor inabalável de homem que viveu mais de cinquenta anos de sofrimento para o realizar. Afinal o que é "viver" um amor? Esta forma de "viver" um amor, e a redefinição da sua própria matéria, fazem de "O Amor em Tempos de Cólera ", de Gabriel Garcia Marquez, uma fortíssima história e uma grande lição de vida.
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