“Ah o êxtase dos namorados
que se olham, beijam, voltam a olhar e já não sabem
que mais hão-de fazer, que mais hão-de inventar.”
A Espuma da Língua
Não, melhor, o mesmo silêncio.
As palavras não querem dizer nada,
emudeceram no clamor dos corpos
rebentando, com a urgência das ondas,
um rochedo contra outro.
As palavras não querem dizer nada,
meu amor, e os gestos são mudos,
o silêncio é o compêndio de todos os
incêndios suados:
branco, azul, memórias d´cor
e salteadas,
comida para dentro, para dentro
de mim, comida de ti, de dentro de ti,
para dentro, para dentro de mim
e assim reciprocamente.
As palavras, bem sabes, não querem dizer nada,
já o mutismo de dados gestos daria para povoar
o tempo e o espaço baldios
de todas as bibliotecas do nosso e dos outros mundos,
e o entendimento órfão entre todos os povos e indivíduos.
Não há hora marcada para isto,
um momento ideal para nada disto,
convencionou-se dizer, efectivamente que há,
todavia nem pensar; isto não se teoriza, intelectualiza, planifica,
não se filosofa, não se explica, não se postula,
bioquimica, preconiza, determina, conversa,
negoceia, acorda, isto é,
E O INÚTIL TAMBÉM:
máximo denominador comum.
Sem comentários:
Enviar um comentário