Um jornalista percorre os Estados Unidos para fazer uma reportagem sobre a paisagem americana. Porém não consegue escrever sobre ela, coleccionando em caixinhas antes um conjunto de fotografias instantâneas, a única forma que consegue retratar a decepção da realidade que vai percorrendo. Percorre um território marcado pelo vazio, paisagens despovoadas que combinam com a crise existencial do viajante, com a sua deriva e solidão. Percorre uma sucessão de não-lugares, iguais, vazios de sentido.
Conhece Alice, uma menina de nove anos que lhe traz um destino, uma motivação à viagem. Com ela voa para a Europa. Ambos procuram uma identidade, raízes. A Alemanha, apesar de possuir uma paisagem industrial, desoladora, possui já, em comparação com os Estados Unidos, um território mais denso, mais vivido, mais esperançado. Um território que esconde histórias, como a casa da avó de Alice, uma memória preservada numa fotografia antiga que escondia na carteira. Aqui o jornalista não sente mais necessidade de usar a sua Polaroid, já consegue contar histórias a Alice e consegue por fim escrever. Aqui Philip parece ter encontrado uma identidade, marcada pela fotografia que Alice tira .
A paixão de Wenders por cidades faz dele um excelente crítico do desenvolvimento urbano, que anda sempre de braço dado com a evolução social e estilos de vida. Os seus filmes constituem assim excelentes documentários para urbanistas.
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