ele quando fala dela

A minha última inspiração tem o nome de Herberto Helder e entrará num dos meus novos trabalhos.


Transbordas toda em sangue e nome, por motivos
de lua - os delírios da fêmea
e da sibila.
Fechada ao tacto, e por dentro devorada
pelo clarão dos centros.
As épocas extremas de glicínias em luz
pendida, uma colina
ao meio inebriado de maio, um quarto brilhando
no interior da casa.
E morres e ressuscitas e transmudas-te
em matéria
radial de escrita. Enquanto corres profundamente e procuras
onde és visível. Unida, preciosa
- de porcelana, mogno, seda.
Ao serviço de uma urgência na escola da palavra.
Uma desarrumação nova nos elementos da púrpura.
Quando os meus dedos te fazem num mistério de baptismo.
Que abala a terra a toda a atmosfera
inaugural, que abre e encharca e ilumina
- como se fosse
respiração e sangue e potência
planetária: criaturas, objectos,
as ordens nominais que os arrancam dos limbos.
Quando se tornam translúcidos na fornalha.
Quando com tanta luz se tornam
ocultos.

Herberto Helder em Última Ciência

1 comentário:

  1. ADOREI ESSA PARTE.

    espiração e sangue e potência
    planetária: criaturas, objectos,
    as ordens nominais que os arrancam dos limbos.
    Quando se tornam translúcidos na fornalha.
    Quando com tanta luz se tornam
    ocultos.

    BACIONE

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