Exorcício

Basta uma lágrima. cheia de uma saudade de tudo.
para o mar de substantivos próprios e comuns do começo
: rua afonso lopes vieira, nº 7 ( poeta)
ignorante do que o futuro me reservava,
sem pensar em poe, transpunha, para dentro
e para fora, os umbrais da minha morada,
que hoje tento cristalizar num verso
hipstamático, fazendo uso de uma mentira
inovadora para parecer velho e venerável,
subitamente passando exclusivamente a conjugar
a vida, no passado perfeito, imperfeito, simples e condicional.
até trocar de residência, o nome do poeta
todo o santo e ímpio dia, sobranceiro à minha mochila
da primária, como um farol, um conselho, uma esperança,
uma ameaça, uma sombra, uma cruz.
Donde, para ser-se poeta, basta uma saudade.
cheia de lágrimas. os olhos radicados no vermelho escuro
da memória, como, em versos de sophia, são aqueles
de quem os abre debaixo de água,
procurando vestígios de sangue ou
substâncias da mesma família nas
profunduras mais gratas
rua afonso lopes vieira, n.º 7 ( poeta)
Sou poeta?
Que acheis? Ter-me-ei cumprido
ou fugido a sete pés da sina como se esta
personificasse um perseguidor assassino?


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