Amizade

(latim vulgar amicitas, -atis)

Afeição recíproca entre dois entes.

Em tom de desabafo um professor disse-me:

"No mundo existem três tipos de pessoas: as interessantes, as interessadas e as interesseiras." Frequentemente recordo-me das suas palavras e por vezes, perante um comportamento invulgar de alguém, tendo a inscrevê-la numa dessas classes.

Depois de verificar que em alguns grupos de amigos o elo que os faz combinar jantares de aniversários e passagens de ano dá-se, não pela necessidade de partilha, por carinho e dedicação, mas por outros factores, tenho vindo a pensar bastante acerca das relações sociais.

Muitas vezes, julgam-se pares aqueles que partilharam outrora uma mera circunstância: a escola, o curso ou uma outra coisa qualquer. Porém, face à falta de entrega e de disponibilidade, o companheirismo dá lugar não a uma amizade sincera, mas a uma amizade por afinidade. De costas voltadas, falam de música, discutem cinema ou futebol esses leais desconhecidos

Foram alguns terramotos emocionais, e a imprevisibilidade das suas réplicas, que me fizeram distinguir a amizade do companheirismo superficial. Cedo aprendi que devemos ter consciente a natureza destas relações, fundadas em premissas estáticas, vagas, que não tocam no osso, nem acariciam a pele. Uma superficialidade consciente impede um desgosto perante o alheamento e apatia de outrem acerca de nós.

Num único dia, em vinte e quatro fugazes horas, percebi que não só de pessoas interessantes, interessadas e interesseiras se faz o mundo. Na amizade encontramos as pessoas certas e as incertas. Pelas certas, amizades interessadas e interessantes, travo luta até verter sangue; pelas incertas embainho a arma e deixo-a repousar.

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