Absorvida no alvoroço matinal, inquieta hora de ponta, automóveis, transportes públicos, massas aceleradas de multidões, encontra-se, com ar de estranheza, uma gaivota pousada na cabeça da estátua de Marquês de Pombal. Sebastião José de Carvalho e Melo, secretário de Estado do Reino no reinado de D.José I, herói da reconstrução da cidade, Lisboa reedificada.
A pequena ave, pasmada, analisa os singulares movimentos dos seres vivos lá de baixo, vultos humanos consumidos pelo nervoso cansaço, noites mal-dormidas, pela ansiedade do atraso.
"Não tarda, muitos cairão devido a este esforço" pensa a ave incrédula na paisagem. "Então, para tudo há remédio, enterrem-se os mortos e cuide-se dos vivos" conclui.
Corpo de suporte formado por uma base e uma coluna que sustém uma estátua: zócalo, dado e cornija. Pedestal. Os quarenta metros de altura concedem-lhe uma sólida visão.
A ave marinha, de lúcida plumagem branca e cinzenta, sóbria consciência, reinventa o monumento inaugurado em 1934. Antes do seu voo, na praça que determina simbolicamente o centro da cidade, presta-se homenagem à quietação.
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