Irmandade Pré-Rafaelita

Em 1840, surge, como oposição à estética e ideologias políticas e sociais do apogeu da época vitoriana e à “maquinização” provocada pela Revolução Industrial, um grupo de poetas e pintores ingleses – Holman Hunt, Dante Gabriel Rossetti e John Everett Millais – que funda a Irmandade ou Fraternidade Pré-Rafaelita. Este grupo de jovens pretendia alcançar uma reforma na arte britânica através da recuperação do modelo dos pintores florentinos do Quattrocento (século XV). Contrariamente ao rigor da arte praticada em França, sobretudo pelos pintores do grupo de Barbizon e Courbet, que caminhavam em direcção ao realismo, os pré-rafaelistas propunham como alternativa ao artificialismo da arte académica os modelos praticados na pintura anterior a Rafael (1483-1520), a quem responsabilizavam pelo afastamento da arte da Natureza.

John Everett Millais, "The Boyhood of Raleigh", 1870


Ansiavam retomar ao tempo em que os artistas eram mestres artesões sinceros e fiéis à obra de Deus e à Natureza, empenhando-se em retratá-la de forma simples e concreta, sem as formas e regras predefinidas da pintura académica. Deste modo, cabe ao artista a criação de obras que sejam simultaneamente naturais e espirituais, úteis e belas, devolvendo à arte a sua pureza e autenticidade. Procuravam a beleza poética que envolve a espiritualidade, o que resulta em imagens repletas de pormenores, frequentemente simbólicos, com o traço fluído e cores luminosas, esmaltadas. Nas suas obras predominam as cenas românticas ou eróticas aliadas a uma alguma inocência. Ao contrário do ideal vitoriano da mulher frágil e dócil, as mulheres pré-rafaelitas surgem com atitudes misteriosas e indiferentes.

Dante Gabriel Rossetti, "La Ghirlandata", 1873
Frank Francis Bernard Dicksee, "The Mirror", 1896

Inspirados na técnica do pintor realista William Dyce (1806-1864), os pré-rafaelitas dedicavam-se principalmente à pintura, mas também à poesia, à fotografia e à crítica de arte. Apreciadores dos poetas John Keats e Alfred Lord Tennyson, o grupo lança em 1850 a revista, escrita em prosa e verso,“The Germ” que, para além dos poemas, tem como fim a divulgação das teorias do grupo.

Além dos artistas fundadores, foram integrados na fraternidade o pintor James Collinson, o escultor Thomas Woolner e os críticos W.M. Rossetti e Frederick George Stephens.

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