sensualidade caramelo

(Fonte: bacfilms.com/site/caramel/)

A vida de cinco mulheres cruza-se num salão de beleza em Beirute, a cidade cosmopolita do Médio Oriente que melhor ilustra o confronto entre o mundo ocidental e o islâmico por pertencer a um dos países árabes que, em conjunto com a Tunísia, se assume mais liberal no que respeita aos direitos cívicos e aos direitos das mulheres.

O salão Sibelle, um pequeno mundo, doce como o caramelo, reflecte a condição da mulher libanesa. O caramelo, usado como base na cera depilatória, inicialmente provoca dor, mas ao longo do filme percebemos que traz consigo bem-estar e melhora a auto-estima das personagens, numa cidade onde muitas mulheres ainda se cobrem.

Em Sibelle, num ambiente de uma relativa liberdade e sofisticação, Nadine Labaki introduz subtilmente algumas marcas de um regime autoritário, tais como o divórcio, a noiva que se sente obrigada a recorrer a uma cirurgia de reconstrução do hímen numa sociedade que ainda não aceita o sexo pré-nupcial; os hotéis que apenas aceitam reservas de mulheres casadas e a mulher lésbica que não consegue assumir, nem abordar o assunto com as amigas.

Paradoxalmente, tal como o caramelo que é doce mas magoa, as vidas das cinco mulheres são habitadas por sonhos, os quais tentam realizar no limite da transgressão aos valores tradicionais, deixando-se, por outro lado, seduzir por essas mesmas tradições familiares, tais como a ideia de matrimónio.

Caramelo, uma produção franco-libanesa de 2007 de Nadine Labaki.

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