Memórias Olaio

Desde sempre que me lembro do móvel-expositor que os meus avós têm na cozinha antiga. É nele que guardam, à vista de todos, as louças e talheres para os dias de festa: a vitrina da cerimónia. Nas gavetas, guardam as toalhas de mesa, bordadas pela minha avó quando em Sesimbra andava na escola de bordados, panos de linho e alguns trabalhos incompletos de renda e tricô. Noutras gavetas guardam os papéis dos médicos, algumas cartas, a agenda e uma série de documentos: as gavetas surpresa.
Sempre me fascinou esse móvel. Quando era pequena deslumbrava-me o facto de ele poder esconder coisas valiosas e segredos, achava curiosa a forma de abrir a vitrina, o barulho que o vidro fazia ao deslizar. Mais crescida encontrei nele outras qualidades: a beleza e simplicidade do seu desenho, os puxadores, o trabalho da madeira e a delicadeza dos seus esbeltos pés, que lembram o mobiliário escandinavo dos anos 40/50.
Há dias caminhava na Rua de São Bento quando, sem o crer, espreitei para a loja do Sr. Félix. Fiquei pasmada com a escrivaninha que se encontrava num amontoado de móveis.
Hoje está em minha casa, guardada naquele que, depois da desarrumação passar, será o meu atelier.
Fábrica Olaio
Em 1937, José Olaio, um jovem marceneiro, fundou a fábrica em Sacavém, era o princípio da Móveis Olaio. A empresa chegou a ter cerca de 500 trabalhadores e marca fortemente o design de mobiliário em Portugal.
Estão associadas aos móveis Olaio a qualidade da madeira da madeira maciça e do seu trabalho, as ferragens e a precisão nos seus acabamentos.
Em 1989 a empresa Olaio foi vendida, declarando falência, os novos proprietários, em 1995.

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