inspirar, expirar


Há dias de cores estridentes, saturação elevada. Cores que acompanham o pulsar do sangue e com ele trazem o trepidar de sonhos extravagantes, conversas dinâmicas, vigorosas, fantasias arrojadas, encontros apaixonados, inesperados, descobertas audazes, deambulações inexplicáveis. Imprudência, ousadia, risco. Cores emotivas.
Há dias de cores sossegadas, baixa saturação. Cores que dançam em tímidas cintilações com os sonhos lançados e trazem-nos a expansão, o desenvolvimento. Lançam prudentes avanços, cautelosos recuos, questões, análises, resoluções. Fazem-nos aguardar, reservar, por vezes temer. Ponderação, atenção, balanço. Cores racionais.
O espectro cromático repousa nas nossas mãos, dia após dia. À semelhança da mistura das cores complementares, também nós encerramos matérias contrastantes que quando cuidadosamente distribuídas originam formas de absoluta pureza.
Por vezes é necessário olhar de longe o frenesim das cores que poderão queimar a vista quando observadas em intensas e impacientes temporadas. Retiro. Oxigenação. Outras sentimos falta do seu toque quente e nervoso. Proximidade. Intensificação.
Vivo dias de um ávido retiro, pouco tenho a dizer e de nada me apetece falar. Contudo, hoje vesti-me de amarelo corajoso e fiz questão em me complementar: falei, falei, falei.
Era já necessário.

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